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2012/08/24

Principais doenças Cardiovasculares





É indiscutível que as doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte e de invalidez temporária ou permanente, no mundo moderno, conforme podemos constatar pelos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de outros organismos internacionais. Estima-se como um valor médio para a população mundial, que cerca de 40% do total de mortes são causadas pelas doenças cardiovasculares, sendo que, nos países mais desenvolvidos, aqueles valores podem ainda ser mais elevados. 

Nos Estados Unidos, o infarto do miocárdio e outras manifestações da doença coronária, são responsáveis por um substancial número de óbitos em homens acima dos 40 anos e nas mulheres acima dos 50 anos. A doença cardiovascular mais frequente, e principal responsável pela elevada incidência de complicações vasculares localizadas, é a aterosclerose. Dentre os óbitos ocorridos em indivíduos portadores de aterosclerose, 75% correspondem à doenças das artérias coronárias e cerca de 17% correspondem aos acidentes vasculares cerebrais (AVC), principalmente a trombose cerebral. Desse modo, as medidas de prevenção das doenças cardiovasculares, apoiam-se fortemente em difundir os princípios básicos capazes de minimizar a incidência ou a severidade da aterosclerose, especialmente nos indivíduos portadores de certos fatores, chamados fatores de risco. 

Podemos, portanto, afirmar que, em uma dada população, cerca de 85% das mortes produzidas por doenças cardiovasculares, estão relacionadas à aterosclerose. A hipertensão arterial ocorre em aproximadamente 15 a 20% dos indivíduos e a sua presença aumenta substancialmente os riscos do desenvolvimento de acidentes vasculares cerebrais, doença coronariana e insuficiência cardíaca. 

PRINCIPAIS DOENÇAS CARDIOVASCULARES 

Existem muitos tipos diferentes de doenças do coração e dos vasos do aparelho circulatório; algumas são extremamente graves, podendo causar a morte dos seus portadores, enquanto outras podem ser bastante benignas e não necessitarem qualquer tipo de tratamento. Neste último casos os indivíduos podem levar uma vida absolutamente normal.
As necessidades de tratamento variam com o tipo de doença existente. Um tratamento cardiológico pode incluir o uso de diversas drogas, a realização de procedimentos invasivos como as angioplastias, por exemplo, ou mesmo a correção cirúrgica. Nos dias atuais, a terapêutica cardiológica evoluiu de tal modo que a grande maioria das doenças cardiovasculares pode ser tratada com bons resultados. 

Muitos dos dados relativos à incidência dos diversos tipos de doenças cardiovasculares foram coletados da população incluída no famoso estudo de Framingham. Este estudo acompanhou um grupo de 5209 indivíduos, com idades compreendidas entre 45 e 74 anos, durante um período de aproximadamente 20 anos. Entre os 45 e 54 anos, a incidência de doença aterosclerótica e hipertensão era de 12,8 por 1.000 indivíduos. Aos 65-74 anos, aquela incidência subia para 30,3 por 1.000 indivíduos. O processo de envelhecimento também contribui para acelerar o desenvolvimento da aterosclerose e das suas diversas manifestações cardiovasculares. 

A aterosclerose, portanto, é o grande vilão da espécie humana, nos dias atuais e deve ser combatida desde muito cedo, para que a prevenção seja eficaz. Como grandes consequências da atersoclerose temos a doença coronariana (angina de peito e infarto do miocárdio) e os acidentes vasculares cerebrais trombóticos. Outras manifestações menos frequentes, ligadas à atersoclerose são as oclusões vasculares e os aneurismas da aorta e das artérias periféricas. 

As principais doenças cardiovasculares que afetam as populações do mundo moderno podem ser relacionadas do seguinte modo:


1. Doença coronariana

2. Hipertensão arterial

3. Acidentes Vasculares Cerebrais

4. Insuficiência cardíaca




As quatro principais doenças cardiovasculares tem uma grande relação com a aterosclerose. Embora a hipertensão não seja causada pela aterosclerose, a sua presença acentua sobremodo a incidência das demais doenças ateroscleróticas, principalmente a doença coronariana (infarto do miocárdio) e os AVCs. 

Seguem em importância a Doença Reumática, produzida por uma resposta específica do miocárdio e demais estruturas cardíacas à uma infecção causada por um estreptococo beta-hemolítico. A febre reumática ainda é endêmica em países menos desenvolvidos, como o nosso, e produz sequelas valvulares significativas que, frequentemente, requerem tratamento cirúrgico. 

Algumas doenças sistêmicas, como a tireotoxicose, algumas síndromes, como a síndrome de Marfan, algumas infecções viróticas como as miocardites ou parasíticas como a Doença de Chagas, também produzem doenças cardíacas importantes. Países em desenvolvimento tem elevada incidência da Doença de Chagas que, em cetas regiões, assume um caráter endêmico. 

As cardiopatias das crianças são produzidas pela febre reumática ou são de natureza congênita. Este último tipo de cardiopatia pode se acompanhar de extrema gravidade, especialmente durante as primeiras semanas ou meses de vida. Diversas cardiopatias congênitas são incompatíveis com a sobrevida pós-natal e devem ser operadas imediatamente após o nascimento. 


DOENÇA CORONARIANA
 

A doença coronariana ou a cardiopatia coronária, ou ainda a aterosclerose coronária, involve o estreitamento progressivo das artérias que nutrem o músculo cardíaco. Frequentemente os sintomas apenas surgem quando o grau da oclusão é bastante acentuado. Mais comumente o primeiro sintoma é a dor precordial, a angina de peito, que surge durante ou imediatamente após a realização de um esforço físico ou um momento de stress. A causa é a incapacidade da circulação coronária oferecer a quantidade de sangue necessária para aquele momento específico da atividade cardíaca. A isquemia pode determinar a dor ou o aparecimento de arritmias. O estreitamento das artérias coronárias deve-se à deposição progressiva de colesterol e outros lipídeos na camada subíntima das artérias, que estimula o desenvolvimento de fibrose e a deposição de colágeno. Vários fatores, como o fumo, por exemplo, podem potenciar o desenvolvimento desses depósitos, que constituem placas esparsas e que estreitam a luz das artérias. Adicionalmente, moléculas e cristais de cálcio depositam-se nas placas e contribuem para o seu enrigecimento. 


HIPERTENSÃO ARTERIAL
 


A pressão arterial pode ser definida como a força exercida sobre a parede das artérias, pelo sangue impulsionado pela contração do músculo cardíaco. A força exercida sobre a circulação sistêmica pela impulsão do sangue realizada pela contração do ventrículo esquerdo é a pressão arterial sistêmica. Hipertensão é um termo utilizado para definir a pressão arterial cronicamente elevada. A hipertensão pode danificar as artérias, embora esse efeito ocorra muito lentamente, ao longo de vários anos. Em muitos estudos, a hipertensão arterial foi considerada um fator de risco para o desenvolvimento de infarto do miocárdio e de AVCs.
A pressão arterial máxima (sistólica) depende da impulsão do sangue pela contração ventricular, enquanto a pressão arterial mínima (diastólica) representa a força existente no interior das artérias, durante o relaxamento (diástole) ventricular; depende do estado de contração ou da falta de relaxamento arterial. A maioria dos pesquisadores considera normal o valor de 140/85-90 mmHg para a pressão arterial. Valores consistente e persistentemente mais elevados caracterizam a hipertensão arterial. Noe que os indivíduos idosos tem enrigecimento arterial e arteriolar acentuado que eleva os valores da pressão arterial sistólica. Os valores da pressão diastólica contudo, não se elevam proporcionalmente. Isso constitui as hipertensão sistólica do idoso, bastante mais benigna e bem melhor tolerada. 

Em cerca de 90% dos casos, a causa da hipertensão é desconhecida; é a chamada hipertensão essencial. A hereditariedade é um fator importante para o desenvolvimento da hipertensão arterial; esta pode, portanto, afetar famílias inteiras. A obesidade também contribui para a elevação da pressão arterial; do mesmo modo, uma alimentação muito rica em sódio também contribui para elevar a pressão. 


ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS
 


Os acidentes vasculares cerebrais resultam em lesão do cérebro e são, portanto, do domínio da neurologia. Contudo, a natureza vascular da lesão e a sua íntima relação com a atersoclerose, coloca os AVCs entre as doenças cardiovasculares. Embora as hemorragias possam causar lesão cerebral grave, principalmente quando ocorrem em consequência de grandes elevações da pressão arterial, as tromboses são a causa mais frequente dos AVCs.
As medidas de controle da aterosclerose, da hipertensão e da obesidade contribuiram para uma redução dos índices de AVC nos últimos anos. 


ARRITMIAS
 


As arritmias constituem irregularidades dos batimentos cardíacos. Podem ocorrer em corações sem qualquer lesão estrutural mas, comumente, ocorrem em associação com doenças cardíacas. Há uma grande variedade de arritmias que incluem as alterações da frequência dos batimentos ou da condução do impulso elétrico através do musculo cardíaco. 

A maioria das arritmias é temporária e benigna; algumas arritmias, contudo, podem ser extremamente graves e até mesmo fatais. 

Uma das arritmias mais comuns é a fibrilação atrial, em que os átrios tem uma frequência de 400 a 600 por minuto e os ventrículos contraem-se à frequências normais ou ligeiramente elevadas. A frequência ventricular na fibrilação atrial pode alcançar os 170 a 200 batimentos por minuto. Geralmente acompanha diversas formas de doenças cardíacas e tem uma grande tendência à cronicidade. Em geral acaba por ser permanente. 

Uma das arritmias mais graves é a taquicardia ventricular sustentada, em que os impulsos cardíacos nascem nos ventrículos à frequências em torno de 100 ou mais batimentos por minuto. A taquicardia ventricular prejudica o enchimento dos ventrículos para uma sístole eficaz e acaba por produzir hipotensão arterial severa. Com alguma frequência a taquicardia ventricular evolui para a fibrilação ventricular que, se não for revertida em 3 ou 4 minutos, determina a morte do indivíduo. 

O diagnóstico correto e completo das arritmias, para orientar o tratamento, apenas pode ser feito pelo eletrocardiograma. Algumas vêzes é necessário desencadear a arritmia, geralmente, mediante um teste de esforço, para facilitar o diagnóstico. Mais frequentemente, contudo, nas arritmias episódicas, o diagnóstico é feito mediante a monitorização contínua do paciente, com o sistema de Holter (monitorização contínua por 24 horas). 


DOENÇAS VALVULARES
 


As quatro válvulas cardíacas direcionam o sangue no interior do coração. Elas são constituidas de folhetos finos, cuja aposição ou fechamento previne o fluxo retrógrado do sangue. Quando uma válvula não fecha completamente, como ocorre com o prolapso da válvula mitral, há regurgitação do sangue para o átrio, durante a contração ventricular ou há regurgitação para o ventrículo, durante a diástole ventricular, quando a válvula que não fecha completamente é uma das válvulas semilunares. Uma válvula cardíaca também pode não abrir completamente, para permitir a passagem do sangue; nessas circunstâncias dizemos que há estenose valvular. 

Diversas doenças pode causar alterações das válvulas cardíacas. A mais comum, entretanto, é a doença reumática, como vimos, produzida por infecção pelo estreptococo. 



CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
 


O desenvolvimento do coração fetal é um processo de grande complexidade em que podem ocorrer diversas alterações. Estas alterações da formação do coração produzem lesões de severidade variável, algumas das quais se manifestam logo após o nascimento, enquanto outras apenas produzem sintomas mais tarde.
A cardiopatias congênitas podem acometer qualquer estrutura cardíaca ou vascular, e podem, portanto, originar um grande número de lesões isoladas ou em combinações diversas.
A cardiopatia congênita mais frequente é a comunicação interventricular - corresponde a cerca de 1/3 do total de cardiopatias congênitas. A maior parte das CIVs fecham espontaneamente, durante os dois primeiros anos de vida. Entretnato, cerca de 10% das crianças que nascem com CIV, apresentam sintomas severos que tornam necessária a oclusão cirúrgica do defeito.
As cardiopatias congênitas podem dificultar o esvasiamento de uma cavidade cardíaca, como a estenose mitral ou a estenose pulmonar, podem permitir a mistura do sangue do coração direito com o sangue do coração esquerdo ou, ao contrário, produzir um shunt da esquerda para a direita, dentre outras possibilidades. Elas podem produzir cianose ou podem acompanhar-se de um fluxo sanguíneo pulmonar aumentado. A maioria das cardiopatias congênitas requer tratamento cirúrgico. 




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