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2013/03/30

Hepatite C Revisão epidemiológica


EPIDEMIOLOGIA DA HEPATITE C

Daniela Ferreira Alves[*]
Jeffchandler Belém de Oliveira**



RESUMO: Trata-se de uma revisão integrativa que sintetizou o conhecimento produzido sobre Hepatite C. Esta revisão teve como objetivo identificar a epidemiologia desta enfermidade que afeta milhões de pessoas no mundo, especialmente no Brasil. Foi realizado levantamento bibliográfico, nos indexadores MEDLINE, PubMed, LILACS, SCIELO, livros e artigos , no período 2000 a 2012. Foi dada especial atenção aos artigos de revisão. Este estudo identificou que a Hepatite C é evidenciada pela inflamação do fígado. É uma doença infecciosa com grande potencial de evolução para cirrose ou carcinoma hepatocelular. Sua contaminação poderá ocorrer através de qualquer material cortante ou perfurante contaminados pelo vírus.  Como toda doença contagiosa, este estudo concluiu que a prevenção é a primeira medida, seguida do reconhecimento e controle dos fatores de risco com o uso da vacina ou profilaxia eficaz pós-exposição. E ainda, torna-se indispensável uma correta avaliação epidemiológica para o planejamento de ações preventivas. É necessário conhecer melhor esta doença e promover mais campanhas de conscientização para alertar a população sobre os riscos e com isso reduzir estes índices de contaminação.


Palavras-Chaves: Hepatite C. Fatores de risco. Epidemiologia.
 
1 INTRODUÇÂO

Segundo Lopes et al., ( 2005) hepatites virais são doenças provocadas por agentes etiológicos com tropismo primário pelo tecido hepático. São conhecidos atualmente cinco tipos de vírus hepatotrópicos, os vírus A ou HVA, B ou HVB, C ou HVC, Delta ou HVD e o vírus E ou HVE. A evolução clínica das hepatites virais, amplamente distintas, conforme o agente etiológico abrange desde as formas consideradas benignas causadas pelos vírus A e E, que não evoluem para a forma crônica, até os quadros de cirrose, como os desencadeados pelos vírus B, C e Delta.
Dentre as hepatites citadas destaca-se a hepatite C (HVC), que é uma doença infecciosa que traz grandes desafios à ciência, sendo que o principal é a cura uma vez que esta doença atinge em torno de 3% da população mundial, destacando-se como a principal causa de hepatite crônica e doença hepática avançada (Lopes et al., 2005)
Os conhecimentos acerca dessa infecção vêm se desenvolvendo constantemente desde a identificação de seu agente etiológico ocorrido em 1989 (Strauss, 2001).
Apesar de sua transmissão ser por contato direto e percutâneo ou através de sangue contaminado, em percentual significativo de casos de contaminação pelo vírus VHC normalmente não se identifica a via de infecção (MS, 2008). Os indivíduos considerados de risco são aqueles que recebem transfusão de sangue ou hemoderivados, usuários de drogas intravenosas, pessoas com tatuagens e piercings, sexualmente promíscuos entre outros.

A infecção pelo vírus C ocorre em todos os continentes, estimando-se cerca de 170 milhões de indivíduos que estão ou estiveram infectados.  Em países desenvolvidos, a cirrose por vírus C é a causa mais comum de indicação de transplante hepático. Existe cerca de 30 subtipos do HVC que se agrupam em seis tipos principais (CORRÊA, 2004).
 A saúde no Brasil é um grande problema e as doenças transmissíveis tem sido um grande desafio. Entre essas doenças salientam-se a hepatite C, cujo comportamento epidemiológico no Brasil e no mundo, tem sofrido grandes mudanças nos últimos anos (FERREIRA; SILVEIRA, 2004).
A hepatite C possui elevada taxa de cronicidade e o consumo de álcool pode acelerar o desenvolvimento de uma cirrose hepática, além de sobrecarga de ferro, co-infecção pelo schistosoma mansoni, drogas ou medicamentos hepatotóxico (LOPES et al., 2005).
Assim, torna-se indispensável uma correta avaliação epidemiológica para o planejamento de ações preventivas. É necessário conhecer melhor esta doença e promover mais campanhas de conscientização para alertar a população sobre os riscos e, com isso, reduzir os índices de contaminação.



2 METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo do tipo bibliográfico, descritivo-exploratório e retrospectivo, com análise integrativa, sistematizada e qualitativa.
O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos, provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo-exploratório visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno (GIL, 2002).
A análise integrativa é um método que analisa e sintetiza as pesquisas de maneira sistematizada, contribuindo para o aprofundamento do tema investigado e a partir dos estudos realizados, constrói-se uma única conclusão, pois foram investigados problemas idênticos ou parecidos (MENDES, 2008).
Pesquisa qualitativa em saúde trabalha diversos significados, motivações, crenças, valores e atitudes, correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2008).
Após a definição do tema, foi feita uma busca de dados virtuais em saúde, especificamente no site do Ministério da Saúde e Scientific Electronic Library online (Scielo). Foram utilizados os descritores: Hepatites Virais, Hepatite C, Fatores de risco, Epidemiologia.  O passo seguinte foi uma leitura exploratória das publicações apresentadas pelo Ministério da Saúde e no Scientific Electronic Library online (Scielo), no período de janeiro de 2000 a março de 2012, caracterizando, assim, o estudo retrospectivo.
A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos de maneira estruturada em um documento do Microsoft Word, que objetivou a identificação das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca das obras e ordenação dos registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do trabalho, que consistiram na coordenação das idéias, acatando os objetivos da pesquisa. Todo o processo de leitura e análise possibilitou a criação de duas categorias.
A seguir, os dados apresentados foram submetidos à análise de conteúdo. Posteriormente, os resultados foram discutidos com o suporte de outros estudos, provenientes de revistas científicas e livros, para a construção do artigo final e publicação do trabalho no formato (ABNT) Associação Brasileira de Normas Técnicas.

3  REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 O VÍRUS

O único representante do gênero hepacivírus incluído na família Flaviviridae é o HVC. Com cerca de 30 a 60 nm de diâmetros, o vírus apresenta um genoma de RNA linear com hélice única e positiva (ARAÚJO et al,. 2011).  Tendo seu agente etiológico identificado apenas em 1989, foi responsável por 80% a 90% dos casos de hepatites transmitidas por transfusão de sangue (FONSECA, 2010).
Com uma análise feita de seu genoma pode se observar que o HVC pode ser dividido em seis genótipos principais de 1 a 6, que são subdivididos em diversos subtipos (LAUER et al., 2001). A cirrose causada pelo vírus C é a causa mais comum de indicação de transplante hepático em países desenvolvidos (LOPES et al., 2005)
A hepatite C demonstra duas características que a diferencia das outras, tornando-a de grande relevância clínica: cerca de um terço dos casos não se consegue estabelecer a via de contaminação  e seu curso se faz com elevada taxa de evolução para a cronicidade, acima de 70% em adultos (lopes et al., 2005).
O grande problema relacionado à infecção crônica por esse vírus está na inexistência de manifestações clínicas, que ocorre na grande maioria dos casos. Evoluindo assim para hepatite crônica, cirrose hepática ou até mesmo para carcinoma hepatocelular, o que pode levar o paciente à insuficiência hepática e à morte. A hepatite C sem dúvida é hoje a principal causa de hepatocarcinoma no mundo inteiro (BARONE, 2000)
3.2 TRANSMISSÃO

O vírus da Hepatite C pode ser contraído especialmente ao se ter contato com sangue contaminado. Grande parte dos portadores da doença no Brasil contraiu essa doença antes de 1993, quando o sangue usado nas transfusões não tinha controle (FERREIRA, 2012). Então com o controle que começou a ser realizado em candidatos a doadores de sangue, a hepatite pós-transfusional tornou-se rara, mas outros meios de transmissão como parenterais ou não, continuam a disseminar a doença (STRAUSS, 2001).
As formas parenterais de contaminação são os procedimentos médicos, odontológicos, laboratoriais, acupuntura ou de tatuagem. E qualquer tipo material cortante ou perfurante pode ser veículo transmissor do vírus de pessoa para pessoa, como compartilhar escova de dente, alicate de cutícula e outros. (STRAUSS, 2001). Muitos dependentes químicos contraíram o vírus, ao compartilhar seringas, canudos para inalar cocaína e cachimbos para fumar crack (FERREIRA, 2012).
Torna-se importante destacar a possibilidade da transmissão sexual que é uma forma não-parenteral de transmissão da hepatite C . Mesmo não sendo eficiente, deve-se examinar e alertar o parceiro sexual, particularmente os indivíduos promíscuos, para os quais o uso de preservativos é indispensável. Aos casais monogâmicos de longa data ou não, com ausência de doenças sexualmente transmissíveis, é facultativo o uso continuado de preservativos, sendo possível a gestação (STRAUSS, 2001).

3.3 SINTOMAS

Apesar da infecção pelo HCV ser frequentemente assintomático alguns indivíduos apresentam sintomas, que se dividem em Ictérico e Anictérico.

 Sintomático ictérico:

  • Quando o Indivíduo apresenta icterícia, com ou sem sintomas, como febre, mal estar, náuseas, vômitos, hipocolia fecal dentre outros.
  • O Indivíduo que desenvolve icterícia e evolui para óbito, sem a confirmação de outro diagnostico etiológico.

Sintomático anictérico:

  • Indivíduo que não apresenta icterícia, mas que apresenta um ou mais sintomas como febre, mal estar, náusea, vômitos e outros. E na verificação laboratorial apresente valor aumentado das aminotransferases.

No caso de indivíduos que não apresentam sintomas deve-se observar a exposição a uma fonte de infecção, como hemodiálise, acidentes ocupacional, transfusão de sangue. Alem de alteração de aminotrasferases no soro igual ou três vezes maior que o valor Maximo normal dessas enzimas, de acordo com o método utilizado (MS, 2008)

3.4 DIAGNÓSTICO

A detecção de anticorpos contra o vírus da Hepatite C (anti-HCV) indica contato prévio com o vírus, o que não diferencia infecção atual de infecção anterior que evoluiu para cura. Resultados negativos ocorrem na fase aguda da doença, pois à janela sorológica, que nas técnicas de ELISA de terceira geração varia de sete a nove semanas (LOPES, 2006).
O diagnóstico da hepatite C é fundamentado em métodos sorológicos e em técnicas de biologia molecular. O método sorológico frequentemente empregado para identificação da infecção presente ou passada, utiliza pesquisa de anticorpos contra o vírus da hepatite C. São dois os tipos de testes sorológicos: os que adotam a técnica ELISA, de alta sensibilidade, e os que utilizam a técnica immunoblot, de maior especificidade (denominado adicional ou confirmatório). Existem diversos testes em relação às técnicas de biologia molecular, na qual permiti a detecção do RNA do vírus C, sendo assim útil para o diagnóstico de infecção em ocasiões específicas, como em pacientes imunossuprimidos ou com baixa possibilidade de estarem infectados ou até mesmo quando na fase inicial da infecção. São ainda indicados para monitorar a resposta terapêutica no caso do tratamento com interferon e ribavirina (BRANDÃO et al., 2001).
Existem várias técnicas para realização dos testes de biologia molecular (PCR, Hibridização, b-DNA, Seqüenciamento, TMA). A escolha da técnica a ser utilizada depende dos dados clínicos que se desejar obter, como: presença ou ausência do vírus, replicação viral, genótipo do vírus e pesquisa de mutações no genoma viral (MS, 2008).
Testes moleculares qualitativos apontam a presença ou ausência do vírus em amostras pesquisada. O RNA do vírus da Hepatite C (HCV-RNA), frequentemente é detectado duas semanas após a infecção, e diminui com o surgimento de anticorpos, podendo não ser detectado em até 15% das infecções agudas. A PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) qualitativa é o processo padrão-ouro para o diagnóstico e tem limite de detecção mais baixo que a PCR quantitativa. A PCR qualitativa também pode ser usada na avaliação de resposta virológica ao final de alguns tipos de tratamento. Os pacientes com resultado negativo tem seu exame repetido 24 semanas após o fim do tratamento para avaliar resposta virológica. Se o teste for positivo nesta ocasião, os pacientes serão considerados recidivantes (MS, 2008).
Testes moleculares quantitativos indicam a presença da carga viral na amostra. E são usados em algumas formas de tratamento para avaliar a resposta virológica antecipada na 12ª semana, definida como: negativação ou redução do HCV-RNA, em relação ao nível pré-tratamento. Sempre deverá ser utilizado o mesmo método para acompanhamento de cada paciente, pois os resultados podem ser diferentes de um para outro (MS, 2008).
Algumas técnicas moleculares também são empregadas para definir o genótipo do vírus. A genotipagem é utilizada na seleção da terapia mais adequada para o paciente e, por isso, deve ser solicitada somente em pacientes candidatos ao tratamento (LOPES, 2006).

 


3.5 TRATAMENTO

O tratamento da hepatite C tem como objetivo reverter a progressão da doença hepática por inibição da replicação viral. A redução da inflamação costuma impedir a evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular, e também promove melhora na qualidade de vida dos pacientes. Os medicamentos que estão disponíveis até o momento, conseguem atingir os objetivos propostos em menos da metade dos pacientes tratados. Mesmo que ainda não seja uma situação animadora, ainda representa a melhor possível quando comparada à de 10 a 15 anos atrás. (STRAUSS, 2001).
Os medicamentos disponíveis para o tratamento são os Interferon e Ribavirina que provocam efeitos colaterais sérios além da baixa eficácia terapêutica. Devem ser administrados por período de tempo prolongado e com monitorização médica constante. Apesar da história natural da doença não ser bem conhecida, o tratamento deverá sempre ter indicações específicas, por haver a possibilidade concreta de indivíduos infectados evoluírem com lesões hepáticas por várias décadas (STRAUSS, 2001).
Estudos demonstraram que no uso isolado do Interferon, houve eficácia em porcentagens significativas de casos, e os percentuais aumentam com a combinação de interferon e ribavirina. Ainda que não exista consenso quanto ao melhor esquema terapêutico, em termos de doses ou duração, se aceita o tratamento até três ou seis meses após o início dos sintomas (STRAUSS, 2001).
O tratamento para pacientes sintomáticos que ainda não houve diminuição viral espontânea (HCV-RNA negativo) deve-se iniciar 12 semanas após o inicio dos sintomas. Para pacientes assintomáticos a recomendação e que se inicie o tratamento imediatamente após o diagnóstico. Torna-se necessário um esforço contínuo para que ocorra o diagnóstico precocemente, para que dessa forma os agravos da infecção  sejam evitados (MS, 2011).

3.6 PREVENÇÃO

Mesmo com muitas tentativas, ainda não existe vacina contra a hepatite C e tampouco, uma profilaxia eficiente após a exposição. A redução da infecção e das doenças a ela relacionadas requer a execução de atividades de prevenção primárias e secundárias. As primeiras, para diminuir a incidência da infecção; as secundárias, para reduzir o risco de hepatopatia e de outras doenças entre os portadores do VHC (CDC, 2002).
A prevenção deve ter como alvo o aconselhamento de pessoas que fazem uso de drogas injetáveis ou que estão em risco de uso, e aquelas com práticas sexuais também consideradas de risco. Aconselhamento e testes laboratoriais devem ser conduzidos em locais ou situações onde houver indivíduos de risco, por exemplo, prisões, clínicas de DST, HIV, AIDS, drogados, doentes neurológicos e mentais (CDC, 2003).
É importante que haja o trabalho em equipe dos gestores de saúde, estaduais e municipais, profissionais de saúde, representantes da sociedade civil e aqueles que detêm o poder de comunicação junto com a sociedade (CARDO, 2003).
A vigilância sanitária para hepatite C é de extrema importância, já que não há disponibilidade de medidas de prevenção eficientes. É necessário identificar pessoas com hepatite C aguda e crônica para alcançar metas de vigilância em relação ao vírus da hepatite C (MS, 2002).
Então para que se possam desenvolver normas adequadas de vigilância sanitária e proporcionar a diminuição da incidência, ou mesmo a erradicação das infecções, devem ser considerados os aspectos epidemiológicos e de prevenção, específicos para cada tipo de hepatite viral (CARDO, 2003).

3.7 EPIDEMIOLOGIA

Segundo Lopes et al., (2005) a infecção pelo vírus HCV ocorre em todos os continentes, sendo que na Austrália e EUA a maior prevalência de HCV ocorre em adolescentes e adultos jovens com faixa etária entre 10 e 30 anos, essa prevalência ocorre nessa faixa etária principalmente devido ao uso de drogas injetáveis, onde ocorre compartilhamento de seringas. Na Itália e Japão a maior prevalência é entre idosos que foram contaminados a mais de 30 anos no Egito a prevalência é igual em todas as faixas etárias.
Cerca de 3 % da população mundial está contaminada, sendo estimável o número de pessoas que não sabem que albergam o vírus (STRAUSS, 2001). Pesquisa realizada de 1999 a 2007 nos EUA revela que a hepatite C já mata mais que a AIDS. E no Brasil esta situação é parecida, o número de pessoas infectadas pelo vírus HCV chega a dois milhões segundo estimativas realizadas em 2011. (FERREIRA, 2012).
Pode-se verificar que a infecção pelo vírus HCV é uma constante em todos os lugares e chama a atenção pela quantidade de pessoas contaminadas.
Preocupante também é o caso de pessoas que se encontram contaminadas e não sabem, conforme Strauss (2001), considerando-se que as mesmas são potenciais transmissores. O vírus vem se espalhando por todo mundo e a pouca informação da população é o que leva cada vez mais pessoas a se contaminarem.
Portanto, pelas colocações dos autores ao se referir à epidemiologia, a hepatite C vem ganhando espaço e evoluindo de forma silenciosa, além de assustar muito, uma vez que pelos dados apontados por Ferreira (2012), já consegue ceifar vidas mais do que a AIDS.

 Prevalência no Brasil

O Brasil por ser um país de proporções continentais, os estudos que estimam a prevalência do HVC no Brasil são raros e pouco precisos, incluindo, no geral, com analises em áreas geográficas restritas ou populações específicas, como por exemplo, os doadores de sangue (FERREIRA; SILVEIRA, 2004).

Tabela 1 - Casos confirmados de hepatite C no Brasil, (taxa de detecção por 100.000 habitantes) segundo região de residência, nos anos de 2002 e 2011:
Região de Residência                                                 2002                               2011
Norte                                                                              0,3                                   1,2
Nordeste                                                                        0,1                                   1,4
Sudeste                                                                         1,9                                   7,4
Sul                                                                                 1,6                                   8,5
Centro-Oeste                                                                1,2                                    2,6
Fonte: Casos de hepatites virais: SINAN/SVS/MS; população: estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia­ e Estatística (IBGE) segundo os Censos (1980, 1991 e 2000)

As menores taxas de casos confirmados de Hepatite C em 2002 foram nas regiões Norte e Nordeste, enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas e se mantiveram com as maiores taxas em 2011 (MS, 2012).

Tabela 2 - Casos confirmados de hepatite C no Brasil, (taxa de detecção por 100.000 habitantes) segundo sexo, nos anos de 2002 e 2011:
Sexo                                  2002                            2011
Masculino                           1,6                                5,9
Feminino                             0,8                                4,2
Fonte: Casos de hepatites virais: SINAN/SVS/MS; população: estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia­ e Estatística (IBGE) segundo os Censos (1980, 1991 e 2000)

Os dados são claros, Cada vez mais pessoas se contaminam pelo vírus, é importante ressaltar a possibilidade da infecção pelo ato sexual, e a importância do uso de métodos preventivos.

Tabela 3 - Casos confirmados de hepatite C no Brasil, (taxa de detecção por 100.000 habitantes) segundo faixa etária, nos anos de 2002 e 2011:
FAIXA ETÁRIA                                                  2002                         2011
<5 anos                                                                0,1                            0,4
5 a 9 anos                                                            0,0                            0,1
10 a 14 anos                                                        0,1                            0,1
15 a 19 anos                                                        0,1                            0,5
20 a 24 anos                                                        0,1                            0,3
25 a 29 anos                                                        1,0                            2,6
30 a 34 anos                                                        2,1                            4,7
35 a 39 anos                                                        3,0                            7,1
40 a 44 anos                                                        3,3                            9,0
45 a 49 anos                                                        3,2                            12,5
50 a 54 anos                                                        2,4                            14,6
55 a 59 anos                                                        2,3                            14,2
60 anos e mais                                                    0,9                             8,6
Fonte: Casos de hepatites virais: SINAN/SVS/MS; população: estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia­ e Estatística (IBGE) segundo os Censos (1980, 1991 e 2000)

O que se destacou nessas estimativas realizadas pelo ministério da saúde em 2011 foi o aumento de casos em faixas etárias que em 2002 apresentavam pequenas taxas, como nas faixas etárias de 35 a 60 anos. Levando-se em consideração o fato de que a hepatite C é normalmente assintomática, ocorrendo assim a descoberta tardia da doença.
Tabela 4 - Casos confirmados de hepatite C no Brasil  (percentual) segundo a provável fonte/mecanismo de infecção nos anos de 2002 e 2011:
Provável fonte/ Mecanismo de infecção        2002                        2011
Uso de drogas                                                   33,6%                      28,9%
Transfusional                                                     27,7%                      25,2%
Sexual                                                               18,2%                       17,7%
Transmissão vertical                                         0,2%                         0,5%
Acidente de trabalho                                         1,6%                         1,2%
Hemodiálise                                                      0,0%                         1,8%
Domiciliar                                                          0,4%                         1,2%
Outros                                                               18,2%                       23,5%
Fonte: Casos de hepatites virais: SINAN/SVS/MS.

No Brasil como em outras partes do mundo, a maior fonte de contaminação está no uso de drogas, e ainda, transfusões, contaminação sexual e outros (Procedimentos odontológicos e tratamentos cirúrgicos). O maior número de contaminados são os jovens que fazem uso de drogas injetáveis.
Nos casos de países como Itália e Japão, citado por Lopes et al., (2005), a maior prevalência é entre idosos que foram infectados a mais de três décadas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A saúde no Brasil tem sido um grande problema e as doenças transmissíveis exigem ainda mais das autoridades com relação à prevenção, controle e cura. Entre essas doenças destaca-se a hepatite C, em sua epidemiologia ocorre grandes mudanças tais como o aumento no numero de casos no decorrer dos anos.
Este estudo identificou que a Hepatite C é evidenciada pela inflamação do fígado, é uma doença infecciosa com grande potencial de evolução para cirrose ou carcinoma hepatocelular. A contaminação poderá ocorrer através de qualquer  acidente com material cortante ou perfurante contaminados pelo vírus. 
Verificou-se neste estudo cujos dados foram obtidos a partir da pesquisa bibliográfica, que a hepatite C apresenta elevada taxa de cronicidade e que o consumo de álcool pode acelerar o desenvolvimento de uma cirrose hepática, além de sobrecarga de ferro, co-infecção pelo schistosoma mansoni, drogas ou medicamentos hepatotóxico.
Desta forma, é essencial a adoção de uma correta avaliação epidemiológica para o planejamento de ações preventivas. É necessário também conhecer melhor esta doença e promover mais campanhas de conscientização para alertar a população sobre os riscos e com isso diminuir os índices de contaminação.
 Inclui-se nesse processo preventivo que também as escolas e instituições de ensino superior adotem campanhas de esclarecimento e conscientização em parceria com o governo, endereçadas à população, principalmente aos adolescentes e jovens, considerando-se que uma parcela desse grupo costuma compartilhar seringas quando fazem uso de drogas injetáveis, e não fazem uso de preservativo. 
Como toda doença contagiosa, conclui-se que a prevenção é a primeira medida, seguida do reconhecimento e controle dos fatores de risco, além de profilaxia eficaz pós-exposição.

EPIDEMIOLOGY OF HEPATITIS C

ABSTRACT: This is an integrative review that summarized the knowledge produced about Hepatitis C. This review aimed to identify the epidemiology of this disease that affects millions of people worldwide, especially Brazil. Literature was conducted in MEDLINE, PubMed, LILACS, SciELO, books and articles in the period from 2000 to 2012. Special attention was given to review articles. This study found that Hepatitis C is evidenced by inflammation of the liver, and an infectious disease with great potential to progress to cirrhosis or hepatocellular carcinoma. And that contamination may occur through any piercing or cutting material contaminated by the virus. Like any contagious disease, it is study concluded that prevention is the first step, followed by the recognition and control of risk factors with the use of the vaccine or post-exposure prophylaxis effective. And yet, it is essential to a proper epidemiological evaluation for planning preventive actions. It is necessary to better understand this disease and to promote more awareness campaigns to alert the public about the risks and thereby reduce these levels of contamination.

Keywords: Hepatitis C. Epidemiology. risk factors.


REFERÊNCIAS

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[*] Acadêmica do Curso de Farmácia, 8° Período, do Instituto de Ciências da Saúde, da Faculdade Alfredo Nasser – UNIFAN, na semestre 2012/2.
** Docente da Faculdade UNIFAN – Instituto de Ciências da Saúde. Aparecida de Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: jeff.aleron@hotmail.com