Esse texto é exclusivo sobre infarto em jovens. Se quiser ler sobre infarto na população geral, clique em pesquisar no blog e digite
Existem alguns mitos sobre o infarto do miocárdio em adultos jovens.
É muito comum ouvirmos que o infarto em jovens é mais grave, que quem infarta jovem sempre morre, que pessoas antes dos 30 não podem infartar por isso pode-se beber, fumar e consumir qualquer coisa até esta idade.
Realmente infartar antes dos 35 anos é raro. De todos os infartos menos de 5% acontecem em pessoas com menos de 40 anos.
Resolvi escrever esse texto porque hoje, por acaso, atendi um paciente de 35 anos que havia infartado com 29. É incomum? É, mas pode acontecer.
As pessoas jovens que infartam, normalmente apresentam 2 ou mais dos seguintes fatores de risco:
- Obesidade
- Tabagismo
- Hipertensão
- Diabetes
- História familiar
- Colesterol elevado
Além dos fatores de risco comuns descritos acima, é frequente encontrar entre os jovens (menores que 40 anos) que infartam, as seguintes condições especiais:
- Alterações da coagulação como doença de Leiden
- Síndromes familiares que apresentam colesterol elevadíssimos
- Vasculites (doenças que causam inflamações dos vasos) como Kawasaki
- Insuficiência renal em hemodiálise com inicio na infância
- Doenças auto-imunes como lúpus
O cigarro parece ser o principal fator de risco, já que 81% dos jovens que infartam apresentam o hábito de fumar.
O grande mito sobre o infarto em jovens, é que esse seria muito grave, pois não há circulação colateral desenvolvida. Isso não tem nenhuma base científica e é uma interpretação errada da fisiologia humana. Na verdade os infartos em jovens costumam ser MENOS graves.
Vejam os dados sobre cateterismos realizados em menores 40 anos e maiores de 50 anos:
- 18% dos jovens não apresentava nenhuma lesão visível nas coronárias contra apenas 3% dos mais velhos
- 60% dos jovens apresentam doença em apenas 1 artéria coronária (sinal de doença "leve") contra 24% dos mais velhos.
- Quando se fala em obstrução em 3 artérias ao mesmo tempo (sinal de doença arterial grave), apenas 19% dos jovens a apresentam, contra 39% dos mais velhos.
A mortalidade intra-hospitalar após o infarto é de apenas 2,5 em menores de 45 anos, 9% entre 45 e 70 anos e 29% em maiores de 70 anos. A sobrevida após 10 anos do infarto também é maior em quem o sofre antes do 45 anos.
Portanto, quanto mais velho, mais grave costuma ser um infarto.
O ponto a ser chamado a atenção é o seguinte: uma pessoa que infarta aos 40 anos, tem em média mais 40 anos de vida para conviver com as consequências e limitações de um coração infartado, além do risco de infartar de novo. Um senhor que infarta aos 75 anos, já passou sua fase produtiva e a própria idade avançada se encarrega de limitar suas ações.
Leia o texto original no site MD.Saúde: INFARTO EM JOVENS | Causas http://www.mdsaude.com/2008/11/infarto-em-jovens.html#ixzz1cCOsMM6