Ser professor HOJE
Vamos começar definindo de onde vem a palavra professor. A origem da palavra professor vem do latim “professore”, que significa: aquele que professa ou ensina uma disciplina, uma ciência, uma arte, uma técnica, o saber, o conhecimento. Mas o que é o conhecimento? Conhecimento se adquire ou se constrói? É realmente possível transmitir conhecimentos? Bom independente da reposta ou das respostas, nós lidamos com o conhecimento, isso é certo e acabado. No entanto, é muito importante que tenhamos uma definição. A nossa ação, e as nossas atitudes como professor, vão ser de acordo com a definição que estabeleceremos como válida. Não sei se existe certa ou errada, não é essa a questão. Bom, é isso que vamos tentar refletir, neste artigo que estamos publicando. Clique no leia mais, para ler todo o artigo.
Ser professor HOJE
Vamos começar definindo de onde vem a palavra professor. A origem da palavra professor vem do latim “professore”, que significa: aquele que professa ou ensina uma disciplina, uma ciência, uma arte, uma técnica, o saber, o conhecimento.
Mas o que é o conhecimento? Conhecimento se adquire ou se constrói? É realmente possível transmitir conhecimentos? Bom independente da reposta ou das respostas, nós lidamos com o conhecimento, isso é certo e acabado. No entanto, é muito importante que tenhamos uma definição. A nossa ação, e as nossas atitudes como professor, vão ser de acordo com a definição que estabeleceremos como válida. Não sei se existe certa ou errada, não é essa a questão.
O perfil do novo professor do século XXI precisa ter uma identidade que não seja imutável (precisa ser de permanente atualização, formação continuada). Tal perfil se caracteriza por um processo de construção do sujeito historicamente situado. Ser professor então, passa a ter um caráter dinâmico, reflexivo, transdisciplinar, interdisciplinar e que, requer do profissional da educação uma articulação dos saberes de forma significativa, primando por uma visão de totalidade e não de fragmentação, quer em sua formação continuada, quer no desenvolvimento de seu exercício pedagógico. Observamos que uma identidade profissional se constrói pelos compromissos sustentados por uma dimensão ética, mas que não deve colocar a margem perspectivas recorrentes da prática pedagógica propriamente dita, dentre as quais figuram as dimensões: da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas; das práticas que resistem a inovações, porque estão repletas de saberes válidos quanto as necessidades da realidade; do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas a luz das teorias existentes da construção de novas teorias; da construção, pelo significado que cada professor, agindo como ator e autor, confere a atividade docente ao seu cotidiano, com base em seus valores, seu modo de situar-se no mundo, sua história de vida, suas representações, seus saberes, suas angústias e seus anseios, no sentido que tem em sua vida ao ser professor, assim como baseados em sua rede de relações com outros professores, sindicatos, agrupamentos.
Durante a vida profissional do professor o seu fazer e sua formação devem se tornar objetos permanentes de discussão, por meio de questionamentos de seus fazeres revisitados, pelas contribuições dos demais professores, pelas modificações e inovações necessárias na novidade da aula de cada dia, pela necessidade do vir a ser na construção de si e de seu aluno e sobretudo pela responsabilidade e co-participação na problematização da formação dos cidadãos em formação que constituem o porquê das ações escolares, representados pelo coletivo escolar: tanto alunos como todos os atores sociais da escola e seu entorno.
Acreditamos que para o aluno ter sucesso nos dias de hoje, na escola, o professor precisa instigar o aluno, ou seja, criar ou levá-lo à dúvida, à contestação, à inquietação ao questionamento. A transmissão do saber precisa ser estimulante e prazerosa. Há que se estabelecer entre os mestres e seus aprendizes uma relação de troca porque ensinar também é, antes de tudo, aprender. Educar é uma atividade que guarda em si um mundo repleto de possibilidades. Entre elas, a capacidade de despertar no outro, inúmeras qualidades adormecidas. Sem a provocação, sem o questionamento, sem a inquietação, sem as perguntas incessantes do mestre não ocorrerá esse processo pedagógico socrático em que se multiplicam as perguntas a fim de obter um conceito a respeito do objeto em questão. Na Grécia Antiga, Sócrates já nos mostrou o caminho com a sua maiêutica. Sem a maiêutica não é possível haver a parturição (parto, nascimento) das idéias. Não se adquire o conhecimento, a sabedoria.
Machado de Assis, no clássico Dom Casmurro, mais precisamente no Capítulo 9, nos agracia com sua poesia, irônica e irreverente quando compara a vida e os personagens que a compõem a uma ópera. Vamos pedir licença ao grande gênio da nossa Literatura para utilizar essa metáfora no universo específico da sala de aula.
Quem dentre os alunos será o maestro que irá reger os personagens do espetáculo da existência? Quem fará as diferentes vozes? Precisamos várias vozes.
Quem irá optar por conceber a cenografia?
Quem será o diretor?
Quem será o figurinista?
Quem irá compor o coro?
Quem serão os bailarinos?
Bem, o professor pode até imaginar os rumos que serão seguidos pelos seus alunos, mas isso não é sua tarefa principal. Cabe aos educadores (aos professores), principalmente, conceder às crianças e jovens o direito de escolha, a partir do momento em que aprenderão sobre a importância de todos os personagens da ópera (vida real), inclusive os que optam por ficar nos bastidores (pessoas simples). A nobreza do magistério reside justamente na capacidade de transmitir aos educandos (alunos) a beleza e a grandiosidade dessa magnífica experiência que é a vida do “ser humano”.
Temos por meta (objetivo) preparar o professor para o exercício de uma profissão cada vez mais essencial que é a formação do ser humano. Por isso o Cefapro procura realizar capacitações, palestras, cursos, grupos de estudo e seminários. Acreditamos ser possível conceder ao educador o que lhe é de direito: o respeito de todos e o orgulho por ser quem traz à tona (para a superfície, torna visível) o que as pessoas têm de mais sublime. Entendemos que o professor, é a alma da educação e a espinha dorsal da sociedade. Sem educação, torna-se impossível adquirir o equilíbrio, a força e a vitalidade necessária para fazer o local onde vivemos uma comunidade comprometida com a formação de seus cidadãos. Uma comunidade ou país cuja nação será consciente e intelectualmente capaz de construir as bases sólidas que sustentarão os sonhos das novas gerações, da sociedade no futuro.
É preciso que o professor seja capacitado e valorizado. Tem que ser capacitado para o exercício pleno de suas atividades como educador. As formações ou capacitações têm de lhes dar os instrumentos necessários à sua função primordial, que pode ser comparada a lapidação de diamantes. São esses os objetivos principais da SEDUC de Mato Grosso. Afirmamos com toda certeza que o professor é a figura (o elemento) mais importante do processo educativo, em todas as suas esferas. Cabe ao educador a incumbência de ensinar, orientar, estimular e incentivar crianças e jovens a descobrir suas potencialidades, é para isso que devem servirem os conteúdos. É uma tarefa muito importante e gratificante, mas que exige um esforço e um empenho ininterruptos. Sem o educador seria impossível conceber a sociedade e sua contínua evolução cultural e científica. Afinal, todas as áreas do conhecimento humano dependem do professor para serem apreendidas com eficácia e colocadas em prática com competência e habilidade.
Quando somos professores de verdade nosso trabalho se torna gratificante (mas não é sacerdócio nem missão, vamos deixar claro, é profissão); ainda mais quando os nossos alunos têm um bom aproveitamento (sucesso ou êxito na vida). Ser professor é contribuir para o futuro de muitos “seres humanos”. O professor consciente da sua importância para o mundo trabalha com competência, e procura dar tudo de si em prol do futuro dos seus alunos (futuros cidadãos), homens e mulheres que serão responsáveis pela nação. Segundo SAVIANI (1986, p. 73-76), "ser cidadão significa ser sujeito de direitos e deveres. Cidadão é, pois, aquele que está capacitado a participar da vida da cidade literalmente e, extensivamente, da vida da sociedade (...); ser cidadão significa, portanto, participar ativamente da vida da sociedade moderna, isto é, da sociedade cujo centro de gravitação é a cidade". De acordo com o mesmo autor, a educação escolar instrumentaliza o sujeito para o exercício consciente (direitos e deveres) da cidadania, na medida em que esta - a Escola - deve democratizar como já explicitada anteriormente, com qualidade e quantidade, para todos, os conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade.
O professor investe em pesquisa, projetos e formação continuada, pois, reconhece as suas fragilidades e deficiências e busca romper barreiras em busca de uma aprendizagem contínua. Ser professor é desgastante, porque o professor apesar de saber sua importância, ele sabe que é mal remunerado e tendo que lecionar em 2 ou 3 escolas; assim fica difícil dar uma aula de qualidade. Falta tempo para pesquisar, planejar suas aulas e, assim detectar as dificuldades dos seus alunos. O professor precisa ser valorizado, incentivado a crescer, a buscar novas técnicas para transformar a sua prática diária. O professor deve ser bem remunerado, para ter mais tempo de planejar suas aulas, e encontrar soluções para diminuir às dificuldades de aprendizado dos seus alunos. Professor valorizado é professor contente, satisfeito, feliz e estando feliz ganha ânimo para estudar, para crescer intelectualmente e também como profissional.
Educadores competentes necessitam, sem dúvida alguma, de condições mínimas de trabalho; dentre elas, a questão salarial é ponto de partida para qualquer discussão de propostas que visem melhorar o ensino ou a educação brasileira. É na sala de aula e por intermédio da competência docente que o educador escolar - professor - vai fazer a mediação ("entrar no meio") competente (de forma crítica, criativa...) entre os educandos e os conteúdos curriculares, construindo, assim, de forma sistemática e intencional, a aprendizagem de conhecimentos, as atitudes e as habilidades nos educandos.
A competência docente é, portanto, uma elaboração histórica continuada. Um eterno processo de desenvolvimento, no qual o educador, no cotidiano do seu trabalho, no exercício consciente de sua prática social pedagógica, vai revendo, criticamente, analisando e reorientando sua competência ("saber fazer bem"), de acordo com as exigências do momento histórico, do trabalho pedagógico e dos seus compromissos sociais, enquanto cidadão - profissional - educador. Isto significa colocar um fim a uma concepção de competência docente inata ("dom") (eliminar de vez da nossa mente essa concepção), estática, fechada e acabada, estimulando, nos educadores, para uma atitude de busca contínua de aperfeiçoamento do nosso processo de desenvolvimento pessoal (cidadania) e profissional (trabalho).
Como em qualquer profissão as atualizações são importantes, pois todos os dias a sociedade evolui, sofre modificações, os valores alteram-se. Por isso um professor, não pode continuar dando a mesma “matéria” (como dizemos para os conteúdos) que era lecionada à 20 anos atrás. Nem pode continuar usando a mesma linguagem, o mesmo método de ensino, a mesma pedagogia. Precisa fazer um trabalho de pesquisa diário... Se atualizando com os fatos diários, transpondo-os para a sala de aula. Em termos de técnicas, as aulas deixaram de serem monólogos (espaço onde apenas o professor fala), passando a espaços ativos (onde alunos falam e interagem com o professor e com os colegas)! O professor deve ler (assinar ou comprar) revistas e livros da sua área, para conhecer e dominar as atualizações e avanços dos progressos científicos. Se for professor de línguas, deve ler novos autores, atualizar-se das mudanças lingüísticas, alterações do dicionário, conhecer a linguagem dos jovens, por exemplo, em termos escritos (MSN, Orkut, FaceBook, Blogs, Fóruns e muitos outros).
Diferentemente de outras profissões, o professor deve se comprometer com o desenvolvimento de seu exercício, por causa de si e do outro concomitantemente, isto é, na dimensão do trabalho docente o educador deve ter bem claro que o aluno é o centro de seu trabalho e solicita muito mais do que olhares tecnicistas ou mesmo olhares distantes de sua própria realidade. Solicita olhares que falem a sua língua, que sejam capazes de explorar suas capacidades, que sejam capazes de torná-los cada vez mais e continuamente, atores sociais conscientes não somente da revelação do mundo e de si, mas de sua construção, de sua intervenção em sua história e na do mundo, contingenciando fazeres e pensares para a dimensão de seu destino.
É a partir de uma intervenção sistematizada que o professor poderá pontuar mais e melhor suas ações em relação ao desempenho de seus alunos. Neste sentido contribuirão para isto o conhecimento dos instrumentos mais apropriados ou reconstruídos. Não vale conhecer e aplicar qualquer aparato interventivo se, segundo a solicitação do grupo, mudanças são necessárias. O professor que desenvolve comprometidamente o seu exercício percebe onde, como e quando precisa modificar os referenciais metodológicos, porque melhor do que qualquer outro ator social da escola aproxima-se do seu aluno e consegue realizar leituras que lhe permitem reorientar a sua prática pedagógica.
Na busca de uma educação de qualidade, o trabalho do professor, no seu fazer comunicativo, deve ser pontuado por ações intencionais que valorizem o conhecimento contextualizado do aluno (sua realidade social, seu dia-a-dia), como já enfatizamos. Em função disso, a tarefa docente requer altruísmo no ato da descoberta, no ato de estudo, no ato de valorização do estudante enquanto sujeito recorrente e a evidenciação de todas as mãos e vozes que contribuíram para o seu bom desempenho. A ação recorrente desperta, nesta diretriz, a consciência de que o trabalho docente não é um formato hermético, cujo conhecimento centra-se na pessoa do professor, muito pelo contrário, é uma busca, uma troca em que aluno e mestre tornam-se parceiros no processo, pois ambos são atores sociais e, de maneira indissociável temos “... a alegria dos alunos em sentir-se que são importantes ao mesmo tempo como interlocutores diretos e como presença humana. Os alunos são arrastados pelo professor (no duplo sentido da palavra arrastar) mas, da mesma forma, são eles que com freqüência o arrastam, chegando por vezes a fazê-lo extravasar” (Snyders, 1995, p. 104-105). Esta educação transformadora promove a consciência de quem desenvolve o trabalho pedagógico – o professor, a equipe técnica e colaboradores, bem como o desenvolvimento do estudante; todos são participantes de uma história construída por meio de vez, voz e voto e mais do que isso, os saberes que são adquiridos e desdobrados passam a ter um outro sabor: uma ênfase na construção do homem como ator social e não como sujeito passivo que deve, simplesmente, consumir um conhecimento intelectual linearizado. É claro que isto não é fácil e não acontece de um dia para o outro; pelo contrário, é uma tarefa diária em que, pela disposição de todos os atores sociais ninguém pode desistir se dando por esgotado ou derrotada; lembrando um excelente filme – A corrente do bem - “quando as pessoas desistem todos perdem” e vale dizer que o professor tem papel fundamental na motivação deste clima organizacional.
Acreditamos que o fazer pedagógico deve ser, sobretudo, um dinamismo “dialogal” permanente, onde o professor não deve cultivar o medo de lançar alguns desafios para seus alunos por considerá-los sem condições suficiente de respostas e nem mesmo de utilizar simplesmente o que a escola dispõe, mesmo que seja somente a disposição dos sujeitos interlocutores (pois existe uma quantidade significativa de escolas que não tem condições materiais de apoio pedagógico ao professor), pelo contrário, ao mesmo tempo que os desafia, analisa as contribuições da totalidade da escola em sua intervenção e de como está se dando a sua própria prática docente pela resposta de seus alunos aos seus desafios, tendo como indicadores a participação, o interesse e a vontade de ser cada vez melhor; desta forma o professor também é constantemente desafiado a repensar a sua prática pedagógica, a partir de seu olhar contextualizado e recorrente, levando em conta as solicitações das múltiplas vozes que participam direta ou indiretamente do processo ensino-aprendizagem.
Boa sorte para todos nós! Felicidades e vamos a luta, pois, somos nós os professores que fazemos a educação!!
Autor: Vitorio Helatczuk
Montagem: Vitorio Helatczuk