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2013/09/07

A INFLUÊNCIA DOS MARCADORES CARDÍACOS NO DIAGNÓSTICO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
COSTA, Érica Gonçalves[1]
OLIVEIRA, Jeffchandler Belém[2]


Resumo


     Com os diversos avanços tecnológicos, acompanhado dos conhecimentos científicos, houve uma evolução da medicina junto à ciência biomédica, entretanto os modos de diagnóstico e tratamentos de diversas patologias passaram por uma grande evolução. Exemplo desta evolução é a utilização de aparelhos de alta tecnologia e substancias corpóreas no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças cardíacas. Sendo assim, esta pesquisa tem como intuito investigar, através de uma pesquisa bibliográfica e de caráter indireto, como os marcadores cardíacos podem auxiliar no diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares, em específico no infarto agudo do miocárdio.

Palavras-chave: Troponina; Mioglobina; CK-MB e Infarto Agudo do Miocárdio.



1.     Introdução


Com o passar do tempo houve várias mudanças no estilo e no modo de vida dos indivíduos inseridos em nossa sociedade, este fenômeno pode ser explicado pelos diversos avanços tecnológicos, que junto à modernidade trouxe novos hábitos. Entre eles podemos citar a má alimentação e o sedentarismo, que pode causar inúmeras alterações fisiológicas, incluindo as doenças cardiovasculares.
     Segundo Robbins (2000) o coração é um órgão de suma importância para nossa sobrevivência, é responsável por bombear o sangue através do sistema circulatório, com o intuito de irrigar todos os tecidos do corpo, incluindo o próprio coração. O infarto agudo do miocárdio (IAM) caracteriza-se pela interrupção ou redução do fluxo sanguíneo para o coração, onde ocorre uma diminuição da quantidade de oxigênio que chega ao músculo cardíaco, este fenômeno pode acarretar em lesão da musculatura do coração.   
Atualmente milhares de pessoas morrem vítimas de doenças cardíacas, sendo que o infarto agudo do miocárdio é uma das principais causas.
De acordo com Alves et al., (2008), as doenças cardiovasculares (DCV) com o passar do tempo tornou-se uma das maiores causas de morbimortalidade, onde cerca de 17 milhões de óbito acontecem anualmente em consequência destas anomalias. Sendo que, entre as doenças cardiovasculares encontram-se o infarto agudo do miocárdio, anginas, insuficiência arterial periférica e isquemia cerebral.
Apesar do quantitativo de óbito descrito acima outras milhares de vidas são salvas graças à ajuda da tecnologia e de novos conhecimentos, ou seja, dos avanços das ciências biomédicas que com o tempo foi descobrindo novos métodos de diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares.
Partindo deste pressuposto este estudo tem como intuito verificar as alterações fisiopatológicas que levam ao infarto agudo do miocárdio, bem como compreender como os marcadores cardíacos, junto à bioquímica, podem auxiliar no diagnóstico e tratamento de tal patologia.

De acordo com Mattos (2004, p. 1) “testes bioquímicos são parte da rotina de investigação para diagnóstico diferencial de IAM, por critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, portanto seguindo esta premissa partimos da hipótese que os marcadores cardíacos e/ou biomarcadores de necrose miocárdica auxiliam no diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares.
Entretanto, este estudo visa discutir sobre o Infarto Agudo do Miocárdio e seus métodos laboratoriais de diagnóstico, “considerando que a doença isquêmica cardíaca é a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo, e que a sua prevalência está aumentando, é importante aprofundar o estudo acerca dos biomarcadores laboratoriais úteis na avaliação diagnóstica” (SILVA; MORESCO, 2011, p. 140).
Sendo assim, este trabalho justifica-se pela importância de esclarecer a sociedade em geral e ao universo acadêmico sobre o processo fisiopatológico do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), assim como abordar seus principais métodos de diagnóstico laboratoriais. Tendo como objetivo geral analisar a influência dos biomarcadores de necrose miocárdica ou marcadores cardíacos no diagnóstico precoce de infarto agudo do miocárdio.


2.  Metodologia


O processo metodológico desta pesquisa apresenta caráter indireto, ou seja, visa analisar informações e pesquisas já existentes no meio científico, ou seja, trata-se de uma revisão bibliográfica.
 De acordo com Mattos, Júnior e Blecher (2004), a pesquisa indireta utiliza-se de informações, conhecimentos e dados que já foram coletados em trabalhos científicos por outros pesquisadores, sendo que os resultados podem ser expressos por diversas formas em documentos, livros, artigos científicos, entre outros.
Pesquisas de caráter indireto podem ser divididas em: documental e bibliográfica, porém este estudo ocorrerá por meio de pesquisa bibliográfica, com levantamento de dados através de livros, artigos, publicações em revistas cientificas, dissertações, entre outros.  Sendo assim, a coleta de dados será realizada através de uma pesquisa eletrônica da literatura usando as bases de dados MedLine, SCIELO, BIREME, utilizado também dados de livros que contenham conhecimentos que enriqueçam a pesquisa.
A pesquisa bibliográfica terá uma abordagem metodológica, através do método exploratório, proporcionando maior conhecimento sobre o tema exposto, uma vez que a pesquisa qualitativa facilita a compreensão do assunto e permite o aprofundamento do conhecimento relativo aos aspectos considerados relevantes ao assunto pesquisado.


3.  Referencial Teórico


3.1.     O papel dos marcadores cardíacos em alterações cardiovasculares


     Inicialmente, antes de chegar a questão principal deste estudo, ou seja, abordar as influencias dos marcadores cardíacos no diagnostico e tratamento do infarto agudo do miocárdio (IAM), cabe aqui abordar alguns pontos necessários para o entendimento do processo patológico relacionado a esta alteração fisiológica. Sendo assim, primeiramente discutiremos sobre a anatomia do sistema cardiovascular, onde posteriormente apresentaremos alguns fatores de risco que acarretam no IAM, ou seja, analisaremos suas causas e efeitos, e por fim, será abordado os marcadores cardíacos propriamente ditos, bem como suas influencias no diagnostico e tratamento do infarto agudo do miocárdio.


3.2.     Anatomia do sistema cardiovascular


O sistema cardiovascular ou circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos, sangue, vasos linfáticos e linfa. Sendo assim, este sistema é responsável por transportar todas as substancias presentes em nosso organismo, incluindo a distribuição de gases respiratórios, nutrientes, hormônios, resíduos metabólicos, transporte de calor, intercambio de materiais, distribuição de mecanismos de defesa e coagulação sanguínea, ou seja, este sistema conduz elementos essenciais para todos os tecidos do corpo (VILELA, 2012).
As veias, artérias e capilares compõe os vasos sanguíneos. Respectivamente, as veias levam ao coração sangue vindas do corpo, suas paredes são mais finas que das artérias e normalmente carregam sangue venoso. Já as artérias levam sangue do coração a todo o corpo e apresenta paredes mais espessas e dilatáveis, geralmente carregam sangue oxigenado. Logo os capilares levam sangue aos tecidos, para fornecer oxigênio as células, sendo que eles ligam as artérias a veias, esses vasos apresentam paredes mais finas para facilitar a troca de substancias.
                   De acordo com Leite (2012) o sangue é um tecido conjuntivo líquido que circula pelo sistema vascular dos seres humanos, cuja função é manter a vida do organismo, transportar nutrientes retirado dos alimentos e as toxinas produzidas no metabolismo. Ressalta ainda que é composto por duas partes, sendo que uma refere-se ao plasma, parte líquida e outra que é a parte sólida composta por células sanguíneas (hemácias, plaquetas e leucócitos).
                   Entretanto, o sangue, veias, artérias e o coração são os componentes mais importantes do sistema cardiovascular, ou seja, são os responsáveis pela nossa sobrevivência e pelo funcionamento do corpo, tendo a função de nutrir nosso organismo.


3.3.  Causa e efeito do infarto agudo do miocárdio


                   O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma alteração cardiovascular acarretada pelo acumulo de ateroma, que por consequência obstruir o fluxo sanguíneo, o que acarreta em tal patologia.
                    Ou seja, é uma necrose tecidual do músculo cardíaco causada geralmente pela: redução do fluxo sanguíneo numa artéria coronária; aos vasoespasmos; a queda do suprimento de oxigênio, além do aumento da demanda de oxigênio pelo músculo cardíaco, causando assim a ruptura de uma placa de aterosclerótica e a oclusão da artéria por um trombo. Sendo assim, o infarto agudo do miocárdio (IAM) é ocasionado pela deposição de placas de gorduras, asterosclerose, nas paredes das artérias coronárias, onde forma coágulos responsáveis pela interrupção do fluxo sanguíneo (OLIVEIRA; PIRES, 2011; KALIL FILHO, 2009).
                   A formação de ateromas dentro dos vasos sanguíneos acelera devido a diversos fatores de riscos, entre eles podemos citar a idade (homens a partir de 55 anos e mulheres após os 60); diabetes mellitus, tabagismo, hipertensão arterial, colesterol alto, obesidade, sedentarismo, além do histórico familiar de infarto agudo do miocárdio (KALIL FILHO, 2009).
                   Entretanto, há vários fatores que corroboram com o aparecimento desta alteração fisiológica, onde em diversas vezes acabam levando a morte. Entre eles encontra-se o estilo de vida e os fatores de risco modificáveis e não modificáveis. “Para tal, os indivíduos precisam se adequar aos estilos de vida saudáveis que minimizem o aparecimento de fatores de risco associados à doença” (OLIVEIRA; PIRES, 2011, p. 1112).
                   Através de estudos epidemiológicos foram identificados vários fatores de risco que colaboram com o desenvolvimento do Infarto Agudo do Miocárdio. Ou seja, os fatores de riscos são classificados em dois grupos os que podem ser controlados pela pessoa e os que não têm controle, consequentemente, os modificáveis e o não modificáveis, sendo que os últimos incluem a idade avançada; sexo; raça e histórico familiar de doenças cardíacas. Já os modificáveis incluem a alteração do estilo de vida, hábito alimentar, e até mesmo uso de medicamentos (MORTON, 2007; OLIVEIRA; PIRES, 2011).
                   Entre os fatores de risco não modificáveis podemos citar: idade, sexo, hereditariedade, raça. Já os modificáveis podem incluir o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, estresse, diabetes mellitus, obesidade e sobrepeso, hipertensão arterial, entre outros.
                   De acordo com Silva et al., (1998) em um dos seus estudos ressaltam que entre os fatores de riscos mais comuns encontram-se a idade e o sexo, onde a ocorrência de infarto agudo do miocárdio "mostra predominância do sexo masculino (2,98 homens para 1 mulher) e idade média de 58 anos" (p. 669).
                   Segundo Kalil Filho (2009, p. 1) "o IAM pode ter outras causas, tais como uso de drogas ilícitas, aneurisma da artéria coronária, doenças da aorta e doenças inflamatórias das artérias coronárias. Essas condições, porém, são bem mais raras".
 

3.4.    Diagnóstico  


                   Atualmente o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio é rápido e eficaz, pois além dos métodos convencionais, tal como o eletrocardiograma, contamos com o apoio das ciências biomédicas com os exames de sangues, marcadores bioquímicos, os quais são capazes de detectar a morte ou não das células musculares cardíacas. 
                   Sendo assim, o diagnostico do IAM é baseado em três critérios, sendo eles: quadro clínico de dor torácica prolongada em paciente portador de fatores de risco para doença arterial coronariana; eletrocardiograma com alterações indicativas de lesão e de necrose do miocárdio e elevação dos níveis sangüíneos de marcadores de necrose miocárdica, como a troponina, mioglobina e a enzima CK-MB.
                   No diagnostico de IAM por meio do eletrocardiograma são consideradas três alterações básicas: aparecimento da onda Q anormal, que significa que uma área miocárdica esta eletricamente inativa (infartada); elevação do segmento ST, onde indica uma corrente de lesão, ou seja, o infarto está acontecendo e a onda T invertida, que indica que houve isquemia de uma região miocárdica, ocorre depois de alguns dias do infarto (HAMPTON, 2005).


3.5.    Influência dos marcadores cardíacos no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio


                   Após várias pesquisas, grandes estudiosos descobriram que quando ocorre o infarto agudo do miocárdio, lesão no tecido cardíaco, algumas células deste tecido são danificadas e com isso são liberadas algumas enzimas (marcadores cardíacos) por via linfática.
                   Segundo Willrich (2007) e Henriques et al., (2006) os marcadores bioquímicos, em específico os cardíacos ou os biomarcadores de necrose miocárdica, são proteínas liberadas na circulação sanguínea quando um músculo cardíaco encontra-se danificado, ou seja, são macromoléculas intracelulares dos miócitos cardíacos, que incluem enzimas, proteínas e mioglobina. Quando há algum tipo de lesão do miocárdio, a perda da integridade da membrana dos miócitos permite a liberação dessas substâncias para a corrente sanguínea.
                   Entretanto, quando há um lesão no miocárdio é possível fazer o diagnostico através de marcadores cardíacos que se encontraram elevados. 
       Sendo assim, através destes marcadores podemos detectar o real problema e encaminhar os pacientes para o melhor tratamento. Ou seja, os exames sanguíneos que avaliam o funcionamento de um órgão, chamados de marcadores funcionais, atualmente são grandes aliados no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM), pois através destes exames podem-se diagnosticar problemas fisiológicos e detectar um infarto, pois quando um tecido encontra-se lesado consequentemente seus marcadores estarão elevados.
       Partindo deste pressuposto, um marcador cardíaco ideal seria aquele com alta sensibilidade e especificidade, que aparece rapidamente após o infarto agudo do miocárdio e permanece anormal por vários dias e que pode ser ensaiado e liberado rapidamente, porém, não existe nenhum marcador assim, entretanto são necessários vários para um melhor diagnóstico.
                   De acordo com Silva e Moresco (2011), vários marcadores vêm sendo analisados, porém as troponinas cardíacas vêm sendo consideradas a mais eficientes para o diagnostico de infarto agudo do miocárdio (IAM), existindo casos de IAM detectados dentro de duas horas por meio deste marcador, possibilitando assim um diagnóstico precoce e preciso. Estes autores ressaltam ainda que “outros biomarcadores vêm apresentando relevância especialmente em relação ao prognóstico e estratificação de risco dos pacientes com cardiopatia isquêmica, com destaque para o BNP[3]” (p. 140).
                   Notamos que vários estudos estão sendo feitos no que diz respeito ao diagnostico e tratamento de doenças coronárias, e que com o passar do tempo vários avanços tecnológicos vem sendo utilizados.
                   Ou seja, os marcadores bioquímicos de injuria celular miocárdica podem ser de três variedades principais: marcadores citoplasmáticos enzimáticos, como a CK-MB; marcadores citoplasmáticos não enzimáticos, como a mioglobina e os marcadores citoplasmáticos e não enzimáticos, como as troponinas (ELIAS; SOUZA, 2013).
3.5.1.   Mioglobina


                   De acordo com Silva e Moresco (2011), a mioglobina é uma proteína heme encontrada em todas fibras musculares estriadas, apresenta baixo peso molecular o que permite que ela seja liberada rapidamente na corrente sanguínea, tanto após um lesão do musculo esquelético quanto na necrose cardíaca. Como marcador cardíaco ela se eleva de 1 a 3 horas após a morte da célula miocárdica, atinge seu pico entre 6 e 12 horas e normaliza dentro de 12 e 24 horas.
                   Uma das vantagens da mioglobina sobre outros marcadores de lesão miocárdica é que ela se eleva muito rápido, antes mesmo da troponina, porém apresenta baixa especificidade, ou seja, ela não é especifica de lesão cardíaca. Mas um resultado negativo de mioglobina exclui a possibilidade de infarto agudo do miocárdio, mas quando positivo precisa ser confirmado pela troponina, pelo fato dela ter alta especificidade. Sendo assim, para um diagnostico rápido e preciso é necessário de fato analisar em conjunto os diversos marcadores cardíacos.
             Sendo assim,


A mioglobina pode ser mais útil quando usada em conjunto com outros marcadores cardíacos para a rápida determinação do IAM, especialmente em pacientes com dor torácica atípica ou alterações eletrocardiográficas inespecíficas e que chegam ao serviço de emergência antes de quatro horas do início dos sintomas (SILVA E MORESCO, 2011, p. 134).


                   Entretanto, o aumento da mioglobina indica que houve lesão recente do musculo esquelético ou cardíaco, sendo assim é necessário de outros marcadores cardíacos como a troponina, para indicar o local correto que esta sendo lecionado. Porém, quando a mioglobina apresenta nível normal ou baixo indica que não houve infarto do miocardio ou que a mioglobina já foi retirada do sistema sanguíneo, mas usualmente o exame de mioglobina é utilizado para auxiliar o exame de troponina ou de outros marcadores cardíacos.



3.5.2.   CK-MB


                   De acordo com Silva e Moresco (2011), a creatinoquinase (CK) total é composta por duas subunidades (M e B) que dá origem a três izoenzimas : creatinoquinase isoenzima MM (CK-MM), creatinoquinase isoenzima BB (CK-BB) e creatinoquinase isoenzima MB (CK-MB). Sendo que, sua fração MB tem auxiliado no diagnostico do IAM, mas ela esta creatinoquinase também pode estar alterada no sangue de pessoas saudáveis ou em lesões do musculo esquelético.
                   A CK-MB apresenta peso molecular maior do que a mioglobina, por isso ela é liberada no sangue mais lentamente após danos das células cardíacas, porém é mais especifica que a mioglobina. Sendo assim, a CK-MB aumenta entre 3 e 6 horas após o inicio dos sintomas, apresentando pico entre 16 e 24 horas onde se normaliza entre 48 e 72 horas, além disso, apresenta sensibilidade diagnostica de 50% após três horas do inicio dos sintomas e de 80% em seis horas (SILVA, MORESCO, 2011).
                   Portanto, seu diagnostico não pode ser feito precocemente, ou seja, até três horas e não suporta sensibilidade máxima até seis horas ou mais após o surgimento de infarto agudo do miocárdio.  Sendo que, para um resultado preciso é aconselhável basear em outros dados, ou seja, utilizar mais de um marcador cardíaco para diagnosticar ou prevenir um infarto agudo do miocárdio.


3.5.3.   Troponinas


                   As troponinas são consideradas o marcador cardíaco mais importante e eficaz no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio, pois elas apresentam alta especificidade e sensibilidade (WILLRICH, 2007).
                   De acordo com Oliveira (2013), as troponinas apresentam vantagens e desvantagens. Entre as vantagens encontram-se: sensibilidade absoluta para detecção de IAM; teste mais especifico para lesão do miocárdio; tem inicio de 3 a 12 horas; Atinge seu pico entre 10 e 24 horas após o início do IAM e permanece elevada por 3 a 7 dias, somente retornando aos níveis basais após 10 a 14 dias. Entre as desvantagens pode citar: baixa sensibilidade para diagnóstico com menos de 6 horas de sintomas, limitando para diagnostico de reinfarto.
                   Sendo assim, a troponina é um complexo de três cadeias polipeptídicas (Troponina I, C e T) encontradas tanto no musculo esquelético quanto cardíaco, que regula a interação cálcio-dependente da miosina com a actina, ou seja, são responsáveis pela contração e relaxamento muscular (STRYER, 1996 e GODOY; BRAILE; JOSE NETO, 1998).
                   Quando há lesão miocárdica a troponina é liberada no plasma por meio de duas fases distintas. A primeira fase de liberação tem duração média de 3 a 5 horas após a perda da função da membrana celular. Em seguida a troponina continua a ser liberada, na fase tardia, por cinco dias ou mais, sendo que esta fase diz respeito a destruição do aparelho contrátil e necrose celular. Acredita-se que a troponina I ao contrario da T não se eleva em pacientes com insuficiência renal, além disso é mais especifica para a injuria miocárdica que a troponina T (ELIAS; SOUZA, 2013).
                   Assim sendo, entre os inúmeros marcadores bioquímicos da injuria cardíaca as troponinas cardíacas, em especifico a T e I, podem ser consideradas as mais promissoras no diagnóstico de necrose miocárdica em virtude da sua elevada especificidade e sensibilidade no que se trata de infarto agudo do miocárdio.
                   Entretanto de acordo com Silva e Moresco (2011), atualmente as troponinas T e I são consideradas os biomarcadores cardíacos mais confiáveis para o diagnostico e avaliação de risco de infarto, devido a sua alta especificidade e sensibilidade para detectar necrose miocárdica. Além disso, as troponinas tem sido poderosos preditores de mortalidade e eventos isquêmicos recorrentes.
                   No entanto, através dos diversos marcadores cardíacos, em especifico da mensuração das troponinas tem sido possível detectar necrose cardíaca dentro de poucas horas, melhorando e facilitando o diagnostico precoce de infarto agudo do miocárdio, em especial em pacientes com queixas de dor torácica recente.


4.     Considerações Finais


             Através deste estudo bibliográfico pode-se perceber que atualmente o diagnóstico de doenças cardiovasculares, em especifico, do infarto agudo do miocárdio é muito eficiente, pois hoje em dia conta com diversos aparelhos de alta tecnologia além de exames extremamente modernos e específicos, como é o caso do diagnostico por meio de diversos marcadores cardíacos (troponina, mioglobina, CK-MB, entre outros).
                   Ou seja, a ciência biomédica tem sido considerada de suma importância no auxilio do diagnostico rápido, eficaz e preciso de infarto agudo do miocárdio, por meio dos exames que medem as alterações das enzimas e/ou proteínas cardíacas, conhecidas como marcadores bioquímicos ou cardíacos.
             Dentre os inúmeros marcadores bioquímicos as troponinas cardíacas são consideradas as mais eficientes no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio, porque apresentam alta especificidade e sensibilidade, pois elas podem detectar necrose cardíaca dentro de poucas horas.
Entretanto, após diversas pesquisas bibliográficas ate mesmo de campo, vários autores descobriram que quando acontece o infarto agudo do miocárdio, algumas células do tecido cardíaco são danificadas e com isso os marcadores cardíacos são liberados e quando medidos por meio de exames específicos encontram-se alterados no sistema sanguíneo.
Sendo assim, os marcadores cardíacos aqui mencionados (CK-MB, Mioglobina e principalmente as Troponinas), em conjunto com os diversos aparelhos tecnológicos, como exemplo o eletrocardiograma, podem em poucas horas designar ao paciente o melhor diagnostico e principalmente um tratamento rápido e especifico.




THE INFLUENCE OF CARDIAC MARKERS IN THE DIAGNOSIS AND TREATMENT OF ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION

Abstrat: With the various technological advancements, together scientific knowledge, there was an evolution of medicine with the biomedical science, however modes of diagnosis and treatment of various diseases have undergone a remarkable evolution. Example of this trend is the use of high-tech gadgets and bodily substances in diagnosis, treatment and prevention of heart disease. Thus, this research is aimed to investigate, through a literature search and indirect character, like cardiac markers may aid in the diagnosis and treatment of cardiovascular diseases, in particular in acute myocardial infarction.

Keywords: Troponin, Myoglobin; CK-MB; Acute Myocardial Infarction.

5.     Referencias Bibliográficas

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[1] Licenciada em Educação Física pela Universidade Estadual de Goiás – UEG e graduanda de bacharel em Biomedicina pelo Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da Faculdade Alfredo Nasser – UNIFAN, no semestre de 2013/2. 
[2] Biomédico e Professor Universitário do Instituto de Ciências da Saúde – ICS da Faculdade Alfredo Nasser Situada em Aparecida de Goiânia – GO.
[3] “O peptídeo natriurético tipo B (BNP) é um neurohormônio sintetizado predominantemente no ventrículo miocárdico e liberado na circulação em resposta à dilatação ventricular e sobrecarga de pressão na parede miocárdica, na ausência de necrose, precedendo a angina e as alterações no segmento ST” (SILVA e MORESCO, 2011, p. 139).